A exclusão urbana de pessoas idosas é um desafio crescente nas grandes cidades brasileiras. Segundo Paulo Henrique Silva Maia, Doutor em Saúde Coletiva pela UFMG, a forma como os espaços urbanos são projetados revela uma clara negligência com as necessidades dos idosos. Falta de acessibilidade, ausência de transporte adaptado e calçadas mal conservadas são alguns exemplos que comprometem o direito de ir e vir e afetam diretamente a qualidade de vida dessa população. O envelhecimento da população exige um novo olhar sobre o urbanismo, com foco na inclusão e no bem-estar dos mais velhos. Cidades pensadas apenas para os jovens e produtivos criam barreiras físicas e sociais, promovendo o isolamento de quem mais precisa de suporte e autonomia.
Urbanismo e envelhecimento: um conflito de prioridades
O modelo urbano atual prioriza a velocidade, o consumo e a produtividade. Essa lógica marginaliza os idosos, que tendem a caminhar mais devagar, ter mobilidade reduzida e exigir maior segurança nos deslocamentos. A escassez de bancos em espaços públicos, a ausência de sombra em áreas de circulação e a má sinalização são sinais claros de um ambiente pouco acolhedor para os idosos.
Acessibilidade urbana: entre o discurso e a realidade
Embora o tema da acessibilidade seja frequentemente citado em políticas públicas, a prática mostra um cenário de descaso. Rampas inexistentes, degraus mal dimensionados, ausência de elevadores em prédios públicos e transporte coletivo despreparado são obstáculos diários enfrentados por idosos. A falta de manutenção constante também agrava o problema. Segundo Paulo Henrique Silva Maia, é necessário compreender a acessibilidade como um valor central na construção de cidades mais justas e humanas.
Exclusão social provocada pelo espaço urbano
O desenho das cidades contribui para a exclusão social quando limita o acesso dos idosos a serviços, lazer e convivência comunitária. Sem mobilidade, muitos ficam restritos ao ambiente doméstico, o que afeta a saúde física e mental. A solidão, o sedentarismo e a perda de vínculos sociais são consequências diretas da exclusão espacial.
Para Paulo Henrique Silva Maia, a cidade precisa ser um lugar de convivência intergeracional. Espaços públicos que estimulam o encontro entre diferentes faixas etárias promovem o respeito, reduzem preconceitos e fortalecem o senso de pertencimento.

Cidades inclusivas: um caminho para o envelhecimento saudável
Cidades inclusivas são aquelas que planejam seus espaços levando em conta a diversidade de seus habitantes. No contexto do envelhecimento, isso implica a criação de áreas de descanso, sinalizações acessíveis, travessias seguras, transporte público adaptado e programas comunitários voltados para a terceira idade. Medidas simples, mas efetivas, que tornam o cotidiano mais seguro e estimulante. De acordo com Paulo Henrique Silva Maia, investir em acessibilidade beneficia também pessoas com deficiência, gestantes, crianças e qualquer cidadão em situação temporária de mobilidade reduzida.
A importância da escuta e da participação dos idosos no planejamento urbano
Incluir os idosos no debate sobre o futuro das cidades é um passo essencial para garantir políticas públicas eficazes. A participação social deve ser incentivada em conselhos, audiências e processos de tomada de decisão, permitindo que essa população manifeste suas demandas e contribua com soluções. A escuta ativa é uma ferramenta poderosa de transformação urbana.
Conforme ressalta Paulo Henrique Silva Maia, os idosos são fontes valiosas de conhecimento sobre o território, suas limitações e potencialidades. Ignorar essa experiência é desperdiçar uma oportunidade de construir cidades mais humanas e resilientes. A participação ativa promove pertencimento e fortalece os laços sociais entre gerações.
Repensando o futuro urbano com foco na dignidade
A exclusão dos idosos dos espaços urbanos é resultado de decisões políticas e arquitetônicas equivocadas. Inverter essa lógica exige vontade política, planejamento técnico e sensibilidade social. É necessário projetar cidades onde todos, independentemente da idade, possam viver com dignidade, segurança e autonomia.
Paulo Henrique Silva Maia reforça que repensar o urbanismo é também repensar os valores que queremos ver refletidos em nossas cidades. Promover a inclusão dos idosos é, acima de tudo, um compromisso com o respeito à vida em todas as suas fases. Afinal, uma cidade que acolhe seus mais velhos é uma cidade melhor para todos.
Autor: Stybil Ouldan